sábado, 31 de maio de 2014

Tigre de Bengala


Classificação científica:
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Carnívora
Família: Felidae
Gênero: Panthera
Espécie: P. tigris
Nome trinomial: Panthera tigris tigris




Características: 
O tigre de bengala é o mais famoso dos tigres; tem pelos curtos alaranjados e listras pretas, 20 no total, sendo as listras da cara as suas impressões digitais, patas e a parte de baixo das pernas são brancas. Tem dentes afiados, garras fortes e enfrenta qualquer animal, tendo no homem o seu único predador.

Pode ser encontrado em florestas coníferas, incluindo bosques, florestas tropicais, montanhas, terras altas, ladeiras rochosas, mangues, acima e abaixo da linha de água, em países como a Índia, Nepal e Butão. Bom nadador, não gosta de calor, e vive perto da água. Alimenta-se de veados, macacos, aves, e ataca filhotes de búfalo, elefante e rinoceronte, crocodilos e pitons, pois precisa comer até 45 kg de carne numa refeição.

A fêmea atinge 1,14 a 2,60 metros de comprimento, e o macho, 2,60 a 3 metros; sua cauda mede de 60 cm a 1 metro de comprimento. Pesa 210 a 252 kg - a fêmea - e o macho, 266 a 302 kg. Atinge uma altura de 90 cm a 1 metro. Salta 9 metros de distância e 5 metros de altura.

Atinge a maturidade sexual aos 3 ou 4 anos - fêmea - e o macho, aos 4 ou 5 anos, sendo o período de procriação de novembro a abril.  A gestação dura em torno de 15 a 16 meses, com 2 a 4 filhotes por ninhada, que já nascem pesando 1 kg. Em liberdade vive até os 26 anos de idade.     

(Texto: Bete Diniz - Taperoá - PB - foto e pesquisa: internet)

Tigre siberiano


Classificação científica:
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Carnívora
Família: Felidae
Gênero: Panthera
Espécie: P. tigris 
Subespécie: Panthera tigris altaica
Nome trinomial: Panthera tigris altaica


Características: 
O tigre siberiano é o maior das subespécies de tigres e o maior felino atual. Pode ser encontrado em vales com encostas do rio Amur, confinado a uma pequena área do leste da Rússia. Antes podia ser encontrado na Coreia, Manchúria, sudeste da Sibéria e leste da Mongólia.

Possui pelagem alaranjada com listras brancas e a parte inferior varia do branco ao creme. Pesa cerca de 306 kg (macho) e 167 kg (fêmea), com um comprimento de 2,40 a 3,15 metros, tendo a cauda cerca de 1,10 a 1,20 metros. A cabeça é redonda e maior nos machos. Tem presas afiadas, com 7 cm de comprimento, ouvidos finos e enxerga de dia e de noite. 

Alimenta-se de suínos selvagens, veados, ursos-pardos, aves, répteis e peixes. Bom nadador, pode atravessar rios de 6 a 8 km², mas não escala árvores. Usa mais a audição durante a caça e marca seu território com fezes e urina, num espaço que chega a 4.000 km². Solitário, só se encontram para acasalamento. 

Atinge a maturidade sexual entre 3 e 4 anos (fêmea), e 4 a 5 anos (macho). O período de gestação é de 106 dias, quando nascem de 2 a 3 filhotes por vez, cada um pesando 16 kg. Eles ficam sob a guarda da mãe até os 6 meses, quando são amamentados. Depois disso saem com ela para caçar, ficando em sua companhia até os 2 anos, quando vão formar suas próprias famílias. Pode viver por 20 anos.

(Texto: Bete Diniz - Taperoá - PB - Foto e pesquisa: internet)      

Zebra


Classificação científica:
Reino: Animália
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Perissodactyla
Família: Equidae
Gênero: Equus



Características:
A zebra é um mamífero da mesma família dos cavalos, os equídeos. É nativa da África Central e do Sul. Sua pele apresenta listras brancas e pretas que se alternam na vertical, com exceção das patas, onde elas são horizontais.

É um animal herbívoro, alimentando-se de pastagens da savana africana. Todos os anos a zebra se junta em manada e faz viagem ao Serengueti em busca de água e pastagens, fornecendo ao mundo um dos maiores espetáculos da Terra. 

A zebra atinge 2 a 2,3 metros de comprimento, mede de 1,4 a 1,6 metros de altura e pesa até 200 kg. Vive em manadas, pode atingir até 50 km/h; tem uma gestação de 360 dias, quando nasce apenas 1 filhote. Tem uma expectativa de vida de 25 a 30 anos. Quando envelhece, as suas listras vão sumindo. 

A zebra tem no leão, na hiena e cão selvagem os seus maiores predadores. Seu nome deriva de Zevro ou Zebro, um equídeo selvagem já extinto que vivia na Península Ibérica até o século XVI. Foi batizada assim pelos portugueses quando a avistaram pela primeira vez no Cabo da Boa Esperança.       

Há várias espécies de zebras: zebra-de-grevy, zebra-das-planícies, zebra-de-burchell, zebra-de-chapmann, zebra-de-grant, zebra-das-montanhas e zebra-do-cabo. 

(Texto: Bete Diniz - Taperoá - PB - foto e pesquisa: internet)

Urso polar


Classificação científica:
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Carnívora
Família: Ursidae
Gênero: Ursus
Espécie: U. maritimus


Características:
Também conhecido por urso branco, é encontrado no círculo polar Ártico. É o maior carnívoro terrestre conhecido e o maior urso, juntamente com o urso-de-kodiak, de mesmo tamanho. Habita a Dinamarca (Groelândia), Noruega (Svalbard), Rússia, EUA (Alasca) e Canadá, mas é ser raramente visto na Islândia. 

De corpo grande, pelagem branca, pescoço longo, cabeça pequena e achatada e orelhas pequenas e redondas. Seu corpo é revestido por camada compacta de pelos brancos e grossos e uma espessa superfície adiposa, que mantém sua temperatura normal. A pelagem é composta por uma densa camada de subpelos, com cerca de 5 cm de comprimento, e uma camada de pelos externos, de 15 cm. Suas patas dianteiras são maiores do que as traseiras, que possuem uma convergência com remos que ajudam o urso no nado; as solas das patas traseiras e dianteiras são peludas para o isolamento do frio e para tração ao caminhar sob gelo e neve. A fêmea tem 4 mamas funcionais.

Ao nadar, o urso polar atinge uma velocidade de 9,7 km/h, ao andar atinge 5,6 km/h e em corrida pode chegar a 40 km/h. O macho pesa entre 300 e 800 kg, mede 200 a 250 cm de comprimento, com uma altura de 130 a 180 cm. A fêmea pesa entre 150 a 300 kg, mede 180 a 200 cm, com a mesma altura do macho. A cauda mede entre 76 a 127 mm.

O urso polar alimenta-se de focas, pequenos mamíferos, aves, ovos, salmão, bacalhau e vegetação (raízes, bagas, musgos e liquens). A maturidade sexual da fêmea começa aos 4 ou 6 meses, e a do macho, entre 4 a 5 anos de idade; acasala-se na primavera e o filhote nasce no inverno. A gestação da fêmea dura entre 195 a 265 dias, numa única ninhada por ano, quando nasce de 1 a 3 filhotes. 

Os filhotes, por sua vez, nascem cegos e sem pelos; são amamentados até os 3 ou 5 meses. O maior predador do urso polar é o lobo. Sua expectativa de vida é de 30 anos.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Fé, esperança e caridade (Castro Alves)


Eram três anjos - e uma só mulher
Quando a infância corria alegre, à toa,
Como a primeira flor que, na lagoa,
Sobre o cristal das águas se revê,
Em minha infância refletiu-se a tua...
Beijei-te as mãos suaves, pequeninas,
Tinhas um palpitar de asas divinas...
Eras - o Anjo da Fé! ...


Depois eu te revi... Na fronte branca,
Radiava entre pérolas mais franca,
A altiva c'roa que a beleza trança!...
Sob os passos da diva triunfante,
Ardente, humilde, arremessei minh'alma,
Por ti sonhei — triunfador — a palma, 
Ó — Anjo da Esperança!... —


Hoje é o terceiro marco dessa história.
Calcinado aos relâmpagos da glória,
Descri do amor, zombei da eternidade!...
Ai, não! - celeste e peregrina Deia,
Por ti em rosas mudam-se os martírios!
Há no teu seio a maciez dos lírios...
Anjo da Caridade!...

(Poesia: Castro Alves - Foto: Nanan - Taperoá - PB)

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Cansaço...


Estou cansada:
Hoje eu lavei muita louça,
Hoje eu varri muita casa...

Eh, vida!
Vida de mulher pobre é assim:
Lavar muita louça,
Varrer muita casa!

(Poesia e foto: Bete Diniz - Taperoá - PB)

terça-feira, 27 de maio de 2014

Cântico da esperança (Tagore)


Não peça eu nunca
Para me ver livre de perigos,
Mas coragem para afrontá-los.
Não queira eu
Que se apaguem as minhas dores,
Mas que saiba dominá-las
No meu coração.

Não procure eu amigos
No campo da batalha da vida,
Mas ter forças dentro de mim.
Não deseje eu ansiosamente
Ser salvo,
Mas ter esperança
Para conquistar pacientemente
A minha liberdade.

Não seja eu tão cobarde, Senhor,
Que deseje a tua misericórdia
No meu triunfo,
Mas apertar a Tua mão
No meu fracasso!

(Poesia: Tagore - foto: Carlos Diniz - Rio de Janeiro - RJ)

As coisas transitórias (Tagore)



Irmão,
Nada é eterno, nada sobrevive.
Recorda isto, e alegra-te.

A nossa vida
Não é só a carga dos anos.
A nossa vereda
Não é só o caminho interminável.
Nenhum poeta tem o dever
De cantar a antiga canção.
A flor murcha e morre;
Mas aquele que a leva
Não deve chorá-la sempre...
Irmão, recorda isto, e alegra-te.

Chegará um silêncio absoluto,
E, então, a música será perfeita.
A vida inclinar-se-á ao poente
Para afogar-se em sombras doiradas.
O amor há-de ser chamado do seu jogo
Para beber o sofrimento
E subir ao céu das lágrimas ...
Irmão, recorda isto, e alegra-te.

Apanhemos, no ar, as nossas flores,
Não no-las arrebate o vento que passa.
Arde-nos o sangue e brilham nossos olhos
Roubando beijos que murchariam
Se os esquecêssemos.
É ânsia a nossa vida
E força o nosso desejo,
Porque o tempo toca a finados.
Irmão, recorda isto, e alegra-te.

Não podemos, num momento, abraçar as coisas,
Parti-las e atirá-las ao chão.
Passam rápidas as horas,
Com os sonhos debaixo do manto.
A vida, infindável para o trabalho
E para o fastio,
Dá-nos apenas um dia para o amor.
Irmão, recorda isto, e alegra-te.

Sabe-nos bem a beleza
Porque a sua dança volúvel
É o ritmo das nossas vidas.
Gostamos da sabedoria
Porque não temos sempre de a acabar.
No eterno tudo está feito e concluído,
Mas as flores da ilusão terrena
São eternamente frescas,
Por causa da morte.
Irmão, recorda isto, e alegra-te.

(Poesia: Tagore - foto: Carlos Diniz - rio de Janeiro - RJ)

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Rinoceronte


Classificação científica: 
Domínio: Eukaryota
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Subfilo: Vertebrata
Classe: Mammalia
Ordem: Perissodactyla
Subfamília: Rhinocerotoidea
Famílias: Amynodontidae, Hyrachydae, Hyracodontidae, Rhinocerotidae.

Características:
O rinoceronte é um mamífero perissodátilo (com número ímpar de dedos em cada pata), apresentando uma pele espessa e pregueada e um ou dois chifres sobre o nariz. Habita as savanas e florestas tropicais da África e da Ásia. 

Seu nome vem da palavra grega rhino (nariz) e Keros (chifre). Seu chifre não é formado de osso, mas de pelos compactos e resistentes. Não enxerga bem mas tem ótima audição e olfato. Pode atingir uma velocidade de até 80 km/h numa corrida.

É auxiliado pelo passarinho africano tchiluanda, que come seus carrapatos e avisa o rinoceronte em situações de perigo. Também ele guia o rinoceronte a colmeias, onde há o mel tão apreciado.  

Há cinco espécies de rinoceronte: indiano, branco, negro, Java e de Sumatra.

Indiano (Rhinocerus unicornius) – Vive na Ásia e tem um único chifre, com 60 cm de comprimento.   

Branco (Ceratotherium simum simum) – É o maior dos rinocerontes, e o segundo maior mamífero terrestre, perdendo apenas para o elefante. Mede 2 m de altura e 5 m de comprimento, com 4 toneladas de peso. Tem 2 chifres, um deles medindo 1,5 m. Vive nas savanas africanas. 

Negro – Mede 1,5 m de altura e tem 2 chifres. Vive no sul da África e é muito caçado. 

Java (Rhinocerus sondaicus) – Está quase extinto. Vive na Ásia, Indochina, Nepal, Java, Malásia e Sumatra. Mede 3 m de comprimento e tem apenas 1 chifre.

Sumatra – Vive na Sumatra, Tailândia, Malaca e Bornéu. Tem 2 chifres. 

O rinoceronte pode viver até os 45 anos de idade.   
      
(Texto: Bete Diniz - Taperoá - PB - Foto e pesquisa: internet)

Antes de te conhecer


Antes de te conhecer
Eu não tinha este coração perdido,
Horizonte sem sentido,
Sofrimento sem merecer...

Antes de te conhecer
Eu não pisava em areia movediça,
Eu não tinha este desejo de sentir meu corpo
Colado ao corpo de alguém...




Agora que te conheço,
Sinto meu coração apertado,
Meu corpo frágil, cheio de feitiço
Por ti, que nem me olhas...

(Poesia e foto: Bete Diniz - Taperoá - PB)

sábado, 24 de maio de 2014

Mar gelado


Água gelada,
Mar gelado,
Barquinho perdido no mar...

Barquinho perdido,
Coração perdido,
O amor solitário a navegar...

Mar revolto,
Cabelos desalinhados,
Vento tempestuoso,
Coração apaixonado...

Amor que vigia o mar, 
Mar que traz o amor;
Amor entre abraços a remar...

Rema, rema, rema contra o vento,
Rema, rema, rema contra a solidão;
Água gelada,
Mar gelado,
Barquinho alegre a remar...

À vista, até aonde a vista alcança,
Alcança o amor a navegar;
Rema, rema, rema amor, chega logo,
Vem logo a este mar trazer a bonança... 

(Poesia: Bete Diniz - Taperoá - PB - foto: Carlos Diniz - Rio de Janeiro - RJ)

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Soneto XLIII - Pablo Neruda


Um sinal teu busco em todas as outras,
No brusco, ondulante rio das mulheres,
Tranças, olhos apenas submergidos,
Pés claros que resvalam navegando na espuma.

De repente me parece que diviso tuas unhas
Oblongas, fugitivas, sobrinhas de uma cerejeira,
E outra vez é teu pelo que passa e me parece
Ver arder na água teu retrato de fogueira.

Olhei, mas nenhuma levava teu latejo,
Tua luz, a greda escura que trouxeste do bosque,
Nenhuma teve tuas mínimas orelhas.

Tu és total e breve, de todas és uma,
E assim contigo vou percorrendo e amando
Um amplo Mississipi de estuário feminino.

(Poesia: Pablo Neruda - Foto: Carol - Teresina - PI)

Lembrança de alguém


A lembrança de alguém que um dia cruzou o rio
E se hospedou em meu ser...

Com esse alguém venci tempestades,
Venci mares sem conta
E soltei no ar meu pulso em vitórias...

Mas o meu amor partiu
Em busca de outras aventuras
E em noites escuras
Jogou a minha vida...



Esse alguém não se prenderia a mim jamais
Pois, para viver em paz,
Ele precisa viver de galho em galho,
Como vive se pendurando em árvores um pirralho
Que precisa enxergar o mundo. 

(Poesia: Bete Diniz - Taperoá - PB - Foto: Netinho Diniz - Argentina)

terça-feira, 20 de maio de 2014

Leão


Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Carnívora
Família: Felidae
Gênero: Panthera
Espécie: Panthera Leo




Características:
O nome leão deriva do latim Leo. Panthera Leo significa “animal amarelo” ou “branco-amarelo”.   
O leão macho atinge cerca de 250 kg, uma altura de 110 cm e o comprimento de 230 a 270 cm. A fêmea atinge cerca de 120 a 185 kg, uma altura de 80 cm e mede cerca de 210 a 230 cm. Atinge uma velocidade de 50 km/h. Vive entre 10 a 14 anos na natureza; no cativeiro pode viver até 20 anos. O macho vive na natureza cerca de 10 anos, por causa dos ferimentos causados por combates com outros machos. Suas presas prediletas são zebras, gnus, antílopes, mas ataca também búfalos e elefantes jovens. Precisa comer 5 kg de carne diariamente, mas pode consumir até 30 kg de carne num dia, se houver fartura. 

A juba do leão depende do ambiente em que vive na África: nas áreas mais frias e montanhosas ele possui juba mais espessa, enquanto nas planícies ele possui uma juba mais fina; a fêmea não possui juba. Logo cedo a juba começa a nascer, atingindo seu crescimento máximo dos 3 aos 5 anos de idade. 

A família do leão é composta normalmente por 1 macho, 1 ou 2 machos mais novos, várias fêmeas e filhotes, mas às vezes pode se encontrar vários machos dividindo a mesma fêmea. Forma grupos de 10 indivíduos, mas durante a caçada pode haver até 40 animais juntos. 

Durante o acasalamento o macho disputa a fêmea, e o vencedor se afasta do grupo com ela.  A gestação da leoa é de 100 dias e na hora do parto ela se afasta do grupo e leva uma leoa mais velha para ajudar na proteção dos filhotes, que nascem cegos até os quinze dias de vida. A primeira refeição de carne dos filhotes é dada após 7 semanas de vida, e eles são amamentados até os 8 meses de idade. Aos 3 anos deixam o grupo para formar nova família. 

A fêmea caça em grupo, e o macho é solitário, usando seu tempo para vigiar território. A fêmea cuida dos ensinamentos dos filhotes, e na hora da refeição o macho se serve primeiro. A hora da caça é sempre cedo da manhã ou ao final da tarde; descansa à sombra das árvores entre 16 e 20 horas por dia. O único inimigo do leão é o homem, mas o búfalo o enfrenta ferozmente.     

Antigamente o leão habitava toda a África, Oriente Médio, Irã, Índia e Europa. Atualmente ele vive na África sub-saariana e em parques nacionais da Tanzânia e África do Sul. 

Bibliografia:
Zingg, Eduardo. África: o último paraíso selvagem. Vol. 4, pág.86. Editora EBF LTDA. Atibaia, São Paulo.
Internet.  

(Texto: Bete Diniz - Taperoá - PB - foto e outras pesquisas: internet)

O pequeno vagabundo (William Blake)


Querida mãe, querida mãe, a igreja é fria
Mas a taverna é saudável, agradável e quente
E posso dizer que lá me tratam bem.
Pois nem no céu passaria tão bem.

Mas se na igreja cerveja pudessem dar
E um bom fogo as nossas almas regalar
Por todo dia rezaríamos e cantaríamos,
E da igreja jamais nos afastaríamos.

Então o pastor poderia pregar e beber e cantar.
Seríamos tão felizes qual aves primaverís a voar,
E a senhora bebedeira sempre na igreja em oração,
Não teria filhos franzinos, nem jejum ou punição.

E Deus como um pai que se regozija em ver
Seus filhos como ele, amáveis e felizes a valer,
Não teria mais querelas com o Diabo e o barril,
Mas lhe daria vestes, bebida e beijos mil.

(Poesia: William Blake - foto: internet)

Uma certa arte (Elizabeth Bishop)


A arte da perda é fácil de estudar:
A perda, a tantas coisas, é latente
Que perdê-las nem chega a ser azar.

Perde algo a cada dia. Deixa estar:
Percam-se a chave, o tempo inutilmente.
A arte da perda é fácil de abarcar.

Perde-se mais e melhor. Nome ou lugar,
Destino que talvez tinhas em mente
Para a viagem. Nem isto é mesmo azar.

Perdi o relógio de mamãe. E um lar
Dos três que tive, o (quase) mais recente.
A arte da perda é fácil de apurar.

Duas cidades lindas. Mais: um par
De rios, uns reinos meus, um continente.
Perdi-os, mas não foi um grande azar.

Mesmo perder-te (a voz jocosa, um ar
Que eu amo), isso tampouco me desmente.
A arte da perda é fácil, apesar
De parecer (Anota!) um grande azar.

(Poesia: Elizabeth Bishop - Foto: Bete Diniz - Taperoá - PB)
(Do livro ASCHER, Nelson. Poesia alheia. 124 poemas traduzidos. Rio de Janeiro: Imago, 1998.)

domingo, 18 de maio de 2014

Nos braços de quem escolhi


Recebe o meu amor
Que se embriaga no vinho melhor,
Na fruta que acho melhor:
Teu colo...

A vida rola em mundos insondáveis,
O coração guarda emoções insaciáveis,
Desejos de amor...

Escreverei no meu diário uma frase assim:
"Eu te amo muito, eu te amo demais,
E só me entregarei a ti,
Pois quero viver nos braços de quem escolhi...  

(Poesia: Bete Diniz - Taperoá - PB - foto: Carol - Teresina - PI)

sábado, 17 de maio de 2014

Cai a tarde...


Cai a tarde,
E o frescor da brisa invade o mar,
Invade meu olhar... 

Águas mornas,
Águas negras do mar
Arrebentando minha alma...

Saudades de ti, meu bem,
Saudades de ti...  

(Poesia: Bete Diniz - Taperoá - PB - Foto: Carlos Diniz - Rio de Janeiro - RJ)

Rio Araguaia


O rio Araguaia nasce na serra dos Caiapós, a sudoeste do estado de Goiás, no município de Mineiros, divisa com Mato Grosso, com o nome de rio Caiapó ou Caiapó Grande. 

Seu nome vem do termo da língua geral setentrional Arauay, ou araguaí, um tipo de maracanã. Banha os estados de Goiás, Mato Grosso, tocantins e Pará. Possui uma extensão de 2.627 km, e sua nascente tem uma altitude de 850 m. Corre no sentido sul-norte, drenando uma área de 382.000 km², com uma vazão média de 5.500 m³/s. Em seu leito forma corredeiras, remansos, é margeado por cânions e sua vegetação é composta de florestas de galerias.

Após percorrer 720 km ele se bifurca, formando a Ilha do Bananal, a maior ilha fluvial do mundo, que possui 80 km de largura e 350 km de comprimento, onde se situa o Parque Nacional do Araguaia e o Parque Indígena do Araguaia. Segue paralelo ao rio Tocantins, até desembocar nele, após um percurso de 2.627 km. 

Durante a estiagem, que vai de julho a agosto, em seu leito se formam ilhas de areia aproveitadas para turismo. O clima do rio é tropical úmido, com variação de 3 a 6 meses de seca, com precipitação pluviométrica variando entre 1.500 a 1.800 mm; seu relevo é plano e de solos férteis.

Principais afluentes do rio Araguaia:
Rios Água Limpa, Babilônia, Caiapó, Rio Claro (Goiás), Cristalino, Crixá-Açú, Crixá-Mirim, Javaés, rio das Mortes, do Peixe I, do Peixe II, Pintado, Matrixã, Rio Vermelho (Goiás).   

Algumas cidades banhadas pelo rio Araguaia:
Aragarças (Goiás), Alto Araguaia (MT), Barra das Garças (MT), Aruanã (Goiás), São Félix do Araguaia (MT), Conceição do Araguaia (Pará), Xambioá (Tocantins), Araguatins (Tocantins), Bela Vista do Araguaia (Pará), etc.  

(Texto: Bete Diniz - Taperoá - PB - foto e pesquisa: internet)

Caburé


Classificação científica:
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Strigiformes
Família: Strigidae
Gênero: Glaucidium
Espécie: G. brasilianum
Nome binomial: Glaucidium brasilianum

Características:
Também conhecida como caboré, caburé-do-sol, caburé-ferrugem, caburezinho e cauré. A coruja caburé mede 16,5 cm, pesa 63 gramas e é uma das menores corujas do mundo. Tem 2 colorações de plumagem: uma cinzenta, com a cauda listrada de branco e peito claro bordejado de cinza, a cor dominante de sua plumagem; a outra, apresenta cor marrom avermelhada, cuja cauda é da mesma cor e quase não se vê suas faixas brancas. Nas duas formas a sobrancelha branca se destaca.

Alimenta-se de outras aves, como pardais, sanhaços, beija-flores, rãs, lagartixas e pequenas cobras. Agressiva, pode abater presas maiores do que elas; é vista em bordas de florestas de terra firme e de várzea e campos com árvores. Possui hábitos noturnos e diurnos, canta também durante o dia, e o macho é menor do que a fêmea. É encontrada em todo o Brasil, Estados Unidos da América, México à Argentina e norte do Chile. 

Normalmente não constrói ninhos, utilizando os ninhos abandonados do pica-pau, ou o oco das árvores. Põe de 2 a 4 ovos, sendo eles incubados apenas pela fêmea. A incubação leva de 22 a 30 dias, com os filhotes abandonando os ninhos aos 21 dias de nascidos. Possui na nuca algumas penas que parecem 2 olhos para confundir suas presas e predadores.      

(Texto: Bete Diniz - Taperoá - PB - foto e pesquisa: internet)

Capivara


Classificação científica:

Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Rodentia
Família: Covidae
Gênero: Hydrochoerus
Espécie: H. Hydrochaeris

Características:

A capivara é parente próxima dos ratos, preás e coelhos, e é o maior roedor do mundo. Seu nome deriva do tupi kapi'wara, que significa comedor de capim, e é conhecida também com os nomes carpincho ou capincho. Possui pelos mais compridos e grossos que os do porco, muito usados na fabricação de pincéis. Seus dentes incisivos são fortes, amarelos, e podem chegar a 7 cm.

Encontrada em florestas, perto de água ao longo de rios e lagos das Américas do Sul e Central. Herbívora, alimenta-se de grama e vegetação aquática; gosta também de espigas de milho e raízes. Excelente nadadora, possui pequenas membranas nos pés.

Vive em bandos de até 20 indivíduos, compostos de um macho dominante, várias fêmeas adultas com filhotes e outros machos subordinados. O macho possui uma glândula sebácea na cabeça, cujo cheiro é usado para marcar território. É ativa pela manhã e à tardinha, mas sob perigo só sai à noite; é hospedeira do carrapato-estrela, transmissor da febre maculosa. Dorme submersa na água, colocando apenas o focinho fora.

Seu peso ao nascer é de até 2 kg e o adulto chega até a 60 kg; atinge um comprimento de 1 a 1,3 metros e 50 cm de altura. A gestação da fêmea chega de 119 a 125 dias, podendo dar cria de 4 a 6 filhotes por ano, mas pode chegar a 8. Começa a se reproduzir a partir de 14 meses, e é matriz até os 4 anos. O macho também se inicia sexualmente aos 14 meses, mas só se torna adulto aos 18 meses, reproduzindo até os 5 anos. Vive entre 15 e 20 anos. Ela é boa mãe e faz ninho apenas perto de dar à luz, em local isolado e protegido.  Amamenta os filhotes de pé. Os filhotes, por sua vez, nascem de olhos abertos e pelos e dentes formados. Na primeira semana já nadam em lugares rasos, mamam durante 90 dias, quando ficam independentes e acompanham os pais em passeios.  Quando se perdem emitem gritos fortes e agudos. 

(Texto: Bete Diniz - Taperoá - PB - foto: internet)          

sexta-feira, 16 de maio de 2014

Baladas de uma outra terra (Fernando Pessoa)


Baladas de uma outra terra, aliadas 
Às saudades das fadas, amadas por gnomos idos, 
Retinem lívidas ainda aos ouvidos 
Dos luares das altas noites aladas... 
Pelos canais barcas erradas 
Segredam-se rumos descridos...

E tresloucadas ou casadas com o som das baladas,  
As fadas são belas e as estrelas 
São delas... Ei-las alheadas...

E são fumos os rumos das barcas sonhadas, 
Nos canais fatais iguais de erradas, 
As barcas parcas das fadas, 
Das fadas aladas e hiemais 
E caladas...

Toadas afastadas, irreais, de baladas... 
Ais... 
 (Poesia: Fernando Pessoa - foto: internet - Veneza - Itália)

quinta-feira, 15 de maio de 2014

À capela do Almeida (Castro Alves)


Grato, oásis do viajante,
Terra de lindos primores,
Tu és sultana das flores,
Bela filha do sertão.
Aí no regaço ameno
O lasso e triste romeiro,
Se esquece do amor primeiro
Pois te dá seu coração.


Que importa por longes terras
Se ostentem mil maravilhas?
Paris, Nápoles, Sevilha,
Não têm o atrativo teu.
Em vez de luxo — tens flores,


Em vez de sedas — perfumes, 
Em vez de bailes — os lumes 
Das estrelinhas do Céu.

(Poesia: Castro Alves - Foto: Bete Diniz - Taperoá - PB)

terça-feira, 13 de maio de 2014

Alucinação (Cruz e Souza)


Ó solidão do Mar, ó amargor das vagas,
Ondas em convulsões, ondas em rebeldia,
Desespero do Mar, furiosa ventania,
Boca em fel dos tritões engasgada de pragas.

Velhas chagas do Sol, ensanguentadas chagas
De ocasos purpurais de atroz melancolia,
Luas tristes, fatais, da atra mudez sombria
Da trágica ruína em vastidões pressagas.

Para aonde tudo vai, para aonde tudo voa,
Sumido, confundido, esboroado, à-toa,
No caos tremendo e nu dos tempos a rolar?

Que Nirvana genial há de engolir tudo isto -
- Mundos de Inferno e Céu, de Judas e de Cristo,
Luas, chagas do Sol e turbilhões do Mar?!

(Poesia: Cruz e Souza - Foto: Carlos Diniz  - Rio de Janeiro - RJ.

segunda-feira, 12 de maio de 2014

As dez cidades mais altas do mundo


1 - La Rinconada - Peru - 5.100 metros de altitude
2 - Wenquan - China - 5.019                    ,, 
3 - El Aguilar - Argentina - 4.895               ,,
4 - Colquechaca - Bolívia - 4.692            ,,
5 - Ukdungle - Índia - 4.659                      ,,
6 - Tanggulashan - China - 4.587            ,,
7 - Pagri - China - 4.600                            ,,
8 - Kurgiakh - índia - 4.568                        ,,
9 - Takh - Índia - 4.568                               ,,
10 - Yechang - Índia - 4.556                     ,,


Foto: La Rinconada - Peru.

(Texto: Bete Diniz - foto e pesquisa: internet) 

sábado, 10 de maio de 2014

Camelo bactriano


Classificação científica:
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Artiodactyla
Subordem: Tylopoda
Família: Camelidae
Gênero: Camellus
Espécie: C. bactrianus

Características:
O camelo-bactriano, também conhecido como camelo-asiático ou camelo, é um mamífero nativo da região das estepes do Leste da Ásia, região da Báctria, de onde se origina seu nome. Quase todos os animais dessa espécie estão domesticados, com exceção de espécies existentes no deserto de Gobi, onde ainda são selvagens.

Herbívoro, o camelo se alimenta de plantas das estepes, ricas em sal. Suporta as temperaturas extremas do verão, que chegam a 40 °C, e do inverno, que chegam a 0 °C à noite. No verão suporta ficar 2 a 3 dias sem água e 4 sem comer; no inverno pode ficar até 8 dias sem água e 4 sem comer. Caminha até 47 km por dia carregando peso superior a 450 kg.
O camelo atinge 3,45 metros de comprimento, altura de 2 metros e pode pesar 700 kg. Dono de 2 corcovas, 1 a mais do que o dromedário, que na realidade são reservatórios de tecido adiposo. O camelo pode viver até os 40 ou 50 anos.      

(Texto: Bete Diniz - Taperoá - PB - Foto e pesquisa: internet)

Mão estendida de Cristo


Mão que se estende,
Mão que abraça uma cidade,
Mão que conduz a humanidade
A ser humanitária...

Mão de Cristo: benéfica,
Mão que se estende para acolher,
Abraçar quem quer ser abraçado;
Mão benevolente, ética...

Mão que corre o mundo num coração apaixonado,
Mão pertencente ao corpo de Cristo,
Sua alma bendita e salvadora;
Mão de Cristo, Espírito de Cristo,
Conforto para os viajantes de um mar bravio
Chamado vida! 

(Poesia: Bete Diniz - Taperoá - PB - Foto: Carlos Diniz - Rio de Janeiro - RJ) 

sexta-feira, 9 de maio de 2014

Olhar perdido


O olhar se perde na paisagem
Como se vivesse em viagem,
Em profunda solidão...

Do azul celeste o mar se embriaga,
Ainda cedo, e o olhar madruga
Procurando uma alma gêmea... 

Lá embaixo, apenas uma paisagem inerte
Ondeia a canção do mar
Como se fosse um fantasma para assustar
Quem a vê, quem a ama e nela quer tocar... 

(Poesia: Eliza Ribeiro - foto: Carlos Diniz - Rio de Janeiro - RJ)

O cavalo (Lêdo Ivo)


No campo matinal 
Um cavalo assediado 
Pelo zumbir das moscas 
Mastiga avidamente, 
O capim do universo. 
Os insetos volteiam 
No anel azul do mundo 
- Esfera sem passado 
Nos ares momentâneos. 
Não há mitologia 
Espalhada na relva 
Que é verde, sem caminhos, 
Longe das longes terras. 
E o cavalo sobrado 
Da inenarrável guerra 
E da paz defendida 
À sombra das espadas 
Mata a fome no campo 
Onde não jazem mortos 
Nem retroam clarins. 
Sua crina estremece. 
E seus cascos escarvam 
A plácida planície 
Coberta pelos pássaros. 
Já sem fome, relincha 
Para os céus que não guardam 
As fanfarras e flâmulas 
E a fumaça da História, 
E se muda em estátua. 

(Poesia: Lêdo Ivo - Foto: Eliza Ribeiro - Taperoá - PB)

terça-feira, 6 de maio de 2014

Ser moça e bela ser


Ser moça e bela ser, por que é que lhe não basta?
Por que tudo o que tem de fresco e virgem gasta
E destrói?  Por que atrás de uma vaga esperança
Fátua, aérea e fugaz, frenética se lança
A voar, a voar?...

Também a borboleta
Mal rompe a ninfa, o estojo abrindo, ávida e inquieta,
As antenas agita, ensaia o voo, adeja;
O finíssimo pó das asas espaneja;
Pouco habituada à luz, a luz logo a embriaga;
Boia do Sol na morna e rutilante vaga;
Em grandes doses bebe o azul; tonta, espairece
No éter; voa em redor, vai e vem; sobe e desce;
Torna a subir e torna a descer; e ora gira
Contra as correntes do ar, ora, incauta, se atira
Contra o tojo e os sarçais; nas puas lancinantes
Em pedaços faz logo às asas cintilantes;
Da tênue escama de ouro os resquícios mesquinhos
Presos lhe vão ficando à ponta dos espinhos;
Uma porção de si deixa por onde passa,
E, enquanto há vida ainda, esvoaça, esvoaça,
Como um leve papel solto à mercê do vento;
Pousa aqui, voa além, até vir o momento
Em que de todo, enfim, se rasga e dilacera.
ó borboleta, pára! Ó mocidade, espera!

(Poesia: Raimundo Correa - Foto: Karoline Diniz - Teresina - Piauí)

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Cada um cumpre o destino que lhe cumpre (Ricardo Reis - Fernando Pessoa)


Cada um cumpre o destino que lhe cumpre,
E deseja o destino que deseja;
Nem cumpre o que deseja,
Nem deseja o que cumpre.

Como as pedras na orla dos canteiros
O Fado nos dispõe, e ali ficamos;
Que a sorte nos fez postos
Onde houvemos de sê-lo.

Não tenhamos melhor conhecimento
Do que nos coube que de que nos coube.
Cumpramos o que somos.
Nada mais nos é dado.

(Poesia: Fernando Pessoa - Foto: Netinho Diniz - Teresina - Piauí)

domingo, 4 de maio de 2014

Se muito já sofri, não me perguntes (Gonçalves Dias)

Se muito sofri já, se ainda sofro
Por teu amor?!
Não me perguntes! Que do inferno a vida
Não é pior! ...

Eu! Vegetar da terra entre os felizes!
Que faço aqui?
Sonhos de amor, de glória, — lá se foram
Atrás de ti!

A ver se encontro d'esperança um raio
Olho em redor,
E nada vejo, e mais profunda sinto
No peito a dor!

Que faço aqui? Dias cansados, anos
Sem fim — durar!
Depois que te perdi, viver ainda,
Viver! Penar! ...

Eu, não! Quem for feliz que preze a vida,
Tema perdê-la!
Por mim não tenho horror, nem tédio à morte,
Clamo por ela!

Bendita seja pois a que mandada
Me for — por Deus.
Matar-me, não; que quero ver-te ainda
Feliz nos céus!

Mas no pego da dor, em que me abismo?
— Nesta aflição
Negra como a do cego que na estrada
Esmola o pão!

Como a do viajor que pelas trevas
Sem tino vai,
E, errado o trilho, se embrenhou nas matas,
Nem delas sai!

Neste viver sofrendo, errante, louco,
Mísero Jó,
Que amigos e inimigos à porfia
Pungem sem dó!

Às vezes, da amargura no remanso,
Ao Criador
Minha alma eleva cânticos de graças,
Hinos de amor!

Que se estivesse em mim renascer hoje,
Sofrer o que sofri...
Eu quisera viver para ainda amar-te
E amado ser por ti!

(Poesia: Gonçalves Dias - Manaus - 16 de junho de 1861.
Foto: Carlos Diniz - Rio de Janeiro - RJ)

sábado, 3 de maio de 2014

Seus olhos (Gonçalves Dias)


Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,
De vivo luzir,
Estrelas incertas, que as águas dormentes
Do mar vão ferir;


Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,
Têm meiga expressão,
Mais doce que a brisa, — mais doce que o nauta
De noite cantando, — mais doce que a flauta
Quebrando a solidão,


Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,
De vivo luzir,
São meigos infantes, gentis, engraçados
Brincando a sorrir.


São meigos infantes, brincando, saltando
Em jogo infantil,
Inquietos, travessos; — causando tormento,
Com beijos nos pagam a dor de um momento,
Com modo gentil.


Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,
Assim é que são;
Às vezes luzindo, serenos, tranquilos, 
Às vezes vulcão!


Às vezes, oh! sim, derramam tão fraco,
Tão frouxo brilhar,
Que a mim me parece que o ar lhes falece,
E os olhos tão meigos, que o pranto umedece
Me fazem chorar.


Assim lindo infante, que dorme tranquilo,
Desperta a chorar;
E mudo e sisudo, cismando mil coisas, 
Não pensa — a pensar.


Nas almas tão puras da virgem, do infante, 
Às vezes do céu
Cai doce harmonia duma harpa celeste,
Um vago desejo; e a mente se veste
De pranto co'um véu.


Quer sejam saudades, quer sejam desejos
Da Pátria melhor;
Eu amo seus olhos que choram em causa 
Um pranto sem dor.


Eu amo seus olhos tão negros, tão puros,
De vivo fulgor;
Seus olhos que exprimem tão doce harmonia, 
Que falam de amores com tanta poesia,
Com tanto pudor.


Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,
Assim é que são;
Eu amo esses olhos que falam de amores 
Com tanta paixão.

(Poesia: Gonçalves Dias - Foto: Eliza Ribeiro - Taperoá - PB) 

Dar voz à alma

No afã de gritar
Não escrever coisas vãs
Para não receber pancadas na alma...

Quebrar o gelo, iceberg,
Mas não tropeçar na ignorância,
Ficar em cima do muro...

Ecoar pelo mundo a voz,
Fornalha,
para que a vida não se torne pó,
Gelo, frio, palhaça, canalha...  

(Eliza Ribeiro - Taperoá - PB - Foto: Leilane Diniz - Maine - EUA)

Fractal

São os sonhos normais,
São os amores, fatais
Como a peleja do bem sobre o mal...

Um universo dentro de outro,
Fractal,
Flamejantes palavras, ondeantes,
Tuas palavras me acompanham...

Entre o chão e a atmosfera
Há tantos objetos, coisas, gases, gente;
Bolhas de oxigênio serpenteiam, dançam,
Para que eu respire tuas belas curvas...  

(Poesia: Eliza Ribeiro - Taperoá - PB - Foto: internet)