sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Castro Alves


Antônio Frederico de Castro Alves nasceu no dia 14 de março de 1847, na Fazenda das Cabaceiras, próximo à cidade de Curralinho, atual Castro Alves, Bahia. Era filho do Dr. Antônio José Alves e dona Clélia Brasília da Silva Castro, filha de José Antônio da Silva Castro, um dos heróis da Independência da Bahia, conquistada em 2 de julho de 1823. Seus irmãos foram: José Antônio, Guilherme, João, morto prematuramente, Elisa Alves Guimarães, Adelaide de Castro Alves Guimarães, de quem mais gostava, e a caçula, Amélia de Castro Alves Ribeiro da Cunha. O poeta recebeu o apelido de Cecéu. 

Em 1852 transferiu-se com a família para Muritiba, e depois para São Félix, onde começou seus estudos. No início de 1854 mudou-se para Salvador, na Rua do Rosário, nº.1, onde seis anos antes uma jovem, de nome Júlia Feital, foi assassinada pelo noivo, João Lisboa, com uma bala de ouro, confeccionada para esse fim.     

Em 1855 mudou-se para a Rua do Paço, na mesma cidade. Seu pai, médico famoso e pintor, em 1856 foi um dos fundadores da Sociedade de Belas-Artes, da Bahia. Nesse ano Castro Alves foi estudar no Colégio Sebrão, onde ficou até o ano 1857. 

No ano seguinte transferiu-se para o Ginásio Baiano, do Dr. Abílio César Borges, futuro Barão de Macaúbas, onde participou de torneios literários. Nesse tempo já falava em público e gostava de recitar seus poemas, escritos num caderninho, que um dia jogou no lixo. 

Em 1859, já morando no Solar da Boa Vista, perdeu a mãe, que tinha 33 anos de idade. Desesperado, seu irmão José Antônio tentou suicídio, pulando da janela. No Ginásio Baiano, em 9 de setembro de 1860, declamou alguns poemas e no dia 3 de julho de 1861 declamou seu primeiro poema dedicado ao "2 de julho". 

Em 1862 seu pai casou-se com a viúva Maria Ramos Guimarães. Castro Alves mudou-se então para o Recife com o seu irmão José Antônio, para fazer cursos preparatórios à Faculdade de Direito. Depois de vários endereços, foi morar numa república de estudantes. Em 23 de junho do mesmo ano publicou num jornal do Recife “Destruição de Jerusalém”. No ano seguinte tentou matrícula na Faculdade de Direito do Recife, sem êxito. Publicou no jornal acadêmico “A Primavera”, seu primeiro poema contra a escravidão: “A Canção do africano”. Nesse ano seu irmão José Antônio foi transferido para o Rio de Janeiro, com sintomas de desequilíbrio mental. Assistiu à peça teatral “Dalila”, de Octave Feuillet, no Teatro Santa Isabel, com a atriz Eugênia Câmara, por quem se apaixonou. Por esse tempo sofreu uma hemoptise. 

Em fevereiro de 1864 seu irmão José Antônio cometeu suicídio, em Curralinho. Matriculou-se no primeiro ano do curso de Direito. No mesmo ano redigiu com alguns colegas o jornal “Futuro”. Escreveu o poema “Mocidade e morte”, com o título primitivo de “O tísico”. Em outubro voltou à Bahia, interrompendo o curso. 

Em março de 1865 voltou ao Recife, com o amigo Fagundes Varela. Foi morar no bairro de Santo Amaro, quando conheceu uma moça dengosa chamada Idalina, que homenageou no poema “Aves de arribação”. Começou a escrever o poema “Os escravos”. Em 19 de agosto alistou-se no Batalhão Acadêmico de Voluntários para a Guerra do Paraguai. Em dezembro retornou à Bahia, com Fagundes Varela .

Em 23 de janeiro de 1866 veio o falecimento do pai. De volta ao Recife, matriculou-se no segundo ano do curso de Direito. Fundou o jornal “A Luz”, com Rui Barbosa e outros colegas. Em 7 de setembro do mesmo ano recitou o poema “Pedro Ivo”, no teatro Santa Isabel. Tornou-se amante de Eugênia Câmara, mudando-se para o subúrbio do Recife com ela e a filha. Para Eugênia dedicou inúmeros poemas, como “Dalila”, “Meu segredo”, “Fatalidade” entre outros. 

Em maio de 1867 voltou com Eugênia para a Bahia, e no dia 7 de setembro estreou o drama “Gonzaga”, no Teatro São João, com Eugênia no papel principal, contracenando com o maior ator da época, Elisiário, que fez o papel de Tomás Antônio Gonzaga. Morando em hotel, logo se mudou para o Solar da Boa Vista, quase abandonado pela família. Nesse tempo começou a escrever “A Cachoeira de Paulo Afonso”, publicado cinco anos após sua morte. 

Decidido a terminar seu curso de Direito, mudou-se para São Paulo. Antes, passou pelo Rio de Janeiro onde foi recebido por José de Alencar e Machado de Assis. No dia 11 de março viajou para São Paulo, onde foi recebido por Joaquim Nabuco. Declamou para os paulistanos a “Ode ao dous de julho”, no Teatro São José, sendo bastante aplaudido. Em abril escreveu “Tragédia no mar” que ficou conhecido com o título de “Navio negreiro”. Recitou-o no dia 7 de setembro do mesmo ano no Grêmio Literário da Faculdade de Direito de São Paulo. 

No mesmo teatro estreou “Gonzaga”, no dia 25 de outubro, com o ator Joaquim Augusto. Nesse tempo desentendeu-se com Eugênia e se separaram. Abatido, foi caçar no bairro do Brás, em 11 de novembro, quando a espingarda disparou acidentalmente, ferindo-lhe o calcanhar esquerdo.

O ferimento não sarou, o que lhe causou problemas infecciosos e pulmonares. Passou seis meses acamado e, como não se recuperou, mudou-se para o Rio de Janeiro em 21 de maio de 1869, em busca de tratamento. Hospedou-se na residência do seu amigo Luís Cornélio dos Santos, quando, no mês de junho, seu pé foi amputado sem anestesia. Ainda encontrou-se pela última vez com Eugênia, no Teatro Fênix Dramática. No dia 25 de novembro voltou para Salvador. Durante a viagem de volta, observando o céu e o mar, teve a ideia de chamar “Espumas flutuantes” o livro que reunia seus poemas. Ao chegar a Salvador, pediu ao seu amigo Augusto Guimarães que acompanhasse todo o processo de publicação do livro. 

Voltou à Curralinho, onde reencontrou sua namorada de infância, Leonídia Fraga, que lhe havia inspirado “O hóspede”. Morando na Fazenda Santa Isabel, terminou “A Cachoeira de Paulo Afonso”. No mês de setembro retornou para Salvador, com a saúde frágil, onde se dedicou ao livro “Espumas flutuantes”. Recolheu-se junto à família, quando recitou em público pela última vez um poema em solidariedade às crianças vítimas da guerra Franco-Prussiana. 

Apaixonou-se novamente, pela professora de canto e piano de sua irmã Adelaide, a italiana Agnèse Trinci Murri, viúva, embora jovem. Para ela dedicou os poemas “Noite de maio”, “Versos para música”, “Remorso”, “Gesso e bronze”, “Aquela mão”, “Longe de ti”, “Em que pensas”. Esse amor por Agnèse não foi consumado. Após os festejos de São João seu estado de saúde se agravou, quando chegou a óbito no dia 6 de julho de 1871, às 15h30, no palacete do Sodré, junto a uma janela banhada pelo Sol. 

Após sua morte foram publicadas suas obras “Gonzaga”, em 1875, “Cachoeira de Paulo Afonso”, em 1876, e “Os escravos”, em 1880. 

Em suas declamações, Castro Alves vestia-se de negro, com uma flor na lapela, óleos nos cabelos, madeixas espontâneas e pó-de-arroz no rosto para sinalizar palidez.   
          
Bibliografia:
PROJETO Memória: Antônio Castro Alves. Distrito federal, Fundação Banco do Brasil- Odebrecht, 1997.
MOURA, Faraco&. Língua e Literatura, pág.240 – 241. São Paulo, Ed. Ática, 2002. 
BRAYNER, Sônia. A Poesia no Brasil 1: das origens até 1920, pág. 255. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1981.    
(Texto: Eliza Ribeiro - Taperoá - PB - Foto: internet)

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